Normas para submissão de propostas dos GTs
A proposta do RESUMO deverá conter:
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TÍTULO;
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Nome dos coordenadores, instituição de origem;
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Resumo: 300 palavras no mínimo; 500 palavras no máximo;
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Palavras-chave: três palavras.
Cada GT comportará até 02 (dois) coordenadores com título de doutorado;
O Coordenador do GT deverá enviar proposta ao e-mail congressogriots@yahoo.com;
A data limite para o envio de proposta será até 15 de maio de 2018. Em seguida, serão abertas as inscrições de comunicações orais em grupos de trabalho;
As propostas de trabalho serão avaliadas pela comissão organizadora do Griots 2018. Após o encerramento do período para a submissão das propostas de grupos de trabalho, será divulgada no dia 28 de maio de 2018 a relação dos aprovados no site do evento;
O período de inscrição em propostas dos GTs será de 01/julho/2018 a 30/setembro/2018.
Cada participante poderá inscrever-se com dois trabalhos (autoria individual e coautoria);
Cada autor ou coautor deverá estar devidamente inscrito no evento e presente durante a apresentação do trabalho para ter direito ao certificado;
Os coordenadores de GTs terão até o dia 07 de outubro de 2018 para disponibilizar a composição final, em ordem numérica, dos referidos grupos de trabalhos;
Será de total responsabilidade dos coordenadores de GTs a avaliação e a seleção de propostas no simpósio (10 participantes no mínimo, 15 participantes no máximo);
Os GTs que não receberem o número mínimo de inscrições até a data prevista no cronograma serão cancelados. No entanto, os resumos a eles submetidos poderão ser remanejados, a critério da comissão organizadora, para outros grupos de trabalhos;
As propostas consideradas excedentes poderão ser transferidas para outros grupos de trabalho; os trabalhos não selecionados pelos coordenadores de GT também poderão ser recolocados em outros simpósios;
A relação das propostas de cada GT será divulgada no site do evento até 10 de outubro de 2018;
Atenção: somente com o aval do professor-orientador é que graduandos bolsistas poderão inscrever-se em propostas de grupos de trabalhos;
Informamos ainda que a seleção dos trabalhos completos, submetidos à publicação de e-book, será feita somente por membros do comitê científico do evento;
A publicação do e-book IV Griots estará sob a organização das professoras Tânia Lima (UFRN), Izabel Nascimento (UFRN), Rosilda Bezerra (UEPB) e do professor Amarino Queiroz(UFRN). O lançamento do livro acontecerá até novembro de 2019.
Obs.: Os coordenadores de GTs deverão realizar a inscrição e o pagamento da taxa de inscrição do Griots 2018.
ORALIDADE, SABERES DA TRADIÇÃO E CIDADANIA CULTURAL
Proponentes/coordenadores:
Vânia Vasconcelos Gico (PPGCS-UFRN)
Pingréwaoga Béma Abdoul Hadi Savadogo (PPGCS-UFRN)
O moderno e o tradicional alimentam debates problematizando a oposição entre tradição e modernidade. Essa classificação binária está ligada a uma concepção da história em que o passado é pensado como sendo “atrás de nós”, abolido do presente que é sempre novo. Essa distinção nos coloca diante de uma série de contrastes que opõe o passado ao presente, o estático ao dinâmico, o que é continuidade e o que é ruptura. Este GT se propõe a discutir diálogos existentes entre a identidade permanentemente reinventada das Áfricas e suas culturas que se dá através diferentes contextos sócio-históricos que participa à configuração das relações entres as múltiplas e diversas realidades societais com que convivem enquanto, paradoxalmente, essas últimas negam os seus devidos direitos. A cultura sendo a seiva que nutre e de onde a identidade constrói suas raízes e tira sua força e energia para a plenitude do ser. Participa assim do desenvolvimento. Nesse sentido, as lógicas mestiças, permite adensar o debate sobre a justiça cognitiva diante do legado africano à humanidade, notadamente ao Brasil, sem prescindir ao urgente convite à mestiçagem, diálogo que evidencia o imperativo da necessidade das culturas se complementarem, se enriquecerem umas com as outras. A contemporaneidade seria, portanto, a relação singular mantida com a sua época. Ela se quer exigente na sua perspicácia, permitindo discernir além da realidade simplista o que é profundo, velado, escondido. A cidadania cultural na contemporaneidade define-se, aderindo decididamente às lutas éticas para a justiça a fim de mudar a realidade social, dando à história um sopro novo e perspectivas melhores.
Palavras-chave: Oralidade. Saberes da tradição. Culturas.
LITERATURAS, LÍNGUAS E CULTURAS AFRICANAS:
Construção de experiências
Proponentes/coordenadores:
Rosanne Bezerra de Araújo (UFRN)
Alberto Jose Mathe (Universidade Pedagógica de Moçambique e UFRN)
O presente Grupo de Trabalho pretende reunir pesquisadores voltados para a área de investigação sobre temas variados que envolvam o universo da cultura africana. Nessa perspectiva, o conteúdo de nossa proposta abrange os estudos da linguagem, estudos literários, teoria e estética, bem como as teorias críticas. Nosso intuito é promover o debate sobre a variedade cultural no continente africano, abrindo espaço para discussões sobre Ideologia, Identidade, Memória, Estudos Culturais e Pós-coloniais. Enquanto que nos séculos anteriores, época da descoberta das frotas marítimas, o sistema anglo-saxão foi imposto ao mundo moderno como uma onda que trazia navios com centenas de viajantes empíricos e pragmáticos, a exemplo do mito de Robinson Crusoé (mito do imperialismo e do individualismo); agora, na contemporaneidade, uma onda gigantesca em direção a eles parece exigir reparação. Outras realidades do mundo passam a ganhar destaque e reconhecimento, a realidade africana, por exemplo. Atualmente, sabemos que uma grande quantidade de imigrantes e refugiados que chegam em embarcações precárias, resultando em muitos naufrágios, tem como destino os portos europeus. Mesmo após a queda do Muro de Berlim, outros muros continuam sendo edificados entre as fronteiras de alguns países para barrar a entrada de imigrantes. Semelhante pensamento encontramos na crítica de Wendy Brown no seu livro Walled States, Waning Sovereignty (2010). No entanto, permanece o desejo de solidariedade social que clama pelo intercâmbio, pela visibilidade, pelo surgimento de outros significantes. Homi Bhabha (2014) oferece uma reflexão sobre a dificuldade encontrada pelo sujeito contemporâneo de intercambiar valores e experiências. O simpósio está aberto para trabalhos que acolham discussões sobre os “entre-lugares” em meio aos mundos desiguais, sobre a relação entre o imaginário social e a realidade do mundo, o confronto entre a metrópole ocidental e sua história pós-colonial, em que nos deparamos com temáticas como: escravidão, violência, discriminação e dominação. Além de Homi Bhabha e Wendy Brown, autores como Stuart Hall, Gayatri Spivak, Pascale Casanova e Frantz Fanon fazem parte do conjunto de autores que inspiraram esta proposta de Grupo de Trabalho. Posto isto, serão bem-vindas propostas que abordem a ética e a estética da arte, buscando revelar a interioridade a partir da exterioridade, estabelecendo relações entre o objeto artístico e o processo social inerente ao mesmo, apoiadas em discussões da teoria crítica. Os resumos dos trabalhos para serem apresentados neste GT devem mencionar objetivos, referencial teórico, metodologia e conclusões.
Palavras-chave: Cultura Africana. Ideologia. Estudos Culturais.
ESTRANHAMENTOS NO CURRÍCULO: LITERATURAS INFANTIL/JUVENIL E AS INTERSECÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DE GÊNERO
Proponente/coordenador:
Rubenilson Pereira de Araujo (Universidade Federal do Tocantins)
Do ponto de vista dos grupos minorizados em direitos e visibilidades, sobretudo os representantes das diversidades sexual, racial, étnico, de gênero e aqueles situados perifericamente, incluindo-se as mulheres, os negros, os índios, as lésbicas, os gays, os transgêneros, travestis, intersexuais e transexuais, é sempre importante ponderar que prevaleceram historicamente representações que objetificam e estereotipam tais sujeitos. Sendo assim é fundamental pautar o seguinte questionamento reflexivo: quem contou a história oficial? Quem pode, de fato, definir essas diferentes categorias? A resposta vem de imediato para a primeira e demais perguntas levantadas até então: a história oficial foi contada por pessoas brancas, eurocentradas geograficamente, com credo religioso de cristãos hegemônicos, com orientação sexual pautada no heterocentrismo e cisgêneras. Sendo assim, em muitas situações, ainda prevalece representações criadas por homens e consumidas por mulheres e demais minorias invisibilizadas em direitos. Mediante esse quadro socialmente imposto, sobra a posição subalterna da margem, não resta lugar na história oficial para os grupos mencionados. A literatura produzida e consumida por este público socialmente excluído é vista ou representada de forma preconceituosa ou pejorativa, uma vez que esta é a arte da representação, é a vida transfigurada em palavras. No tocante ao contexto escolar, é importante conceber a estrutura do currículo como centro da ação educativa e ser visualizada sob a ótica de que este não é apenas a representação ou reflexo de interesses sociais determinados, mas também como um produtor de identidades e subjetividades socialmente determinadas. Na perspectiva do currículo como algo capaz de “fazer” pessoas e identidades, é importante perceber que o modo como o gênero, a raça, a etnia e a sexualidade estão representados produz significados que marcam e constituem os sujeitos considerados “normais” e também aqueles diferentes ou dissidentes da normatividade compulsória. Historicamente, o currículo escolar (da pré-escola à universidade) tem predominantemente uma origem social (burguesa), um gênero (masculino) e uma etnia (branca) (APPLE, 2006), aqueles que não se encaixam nessas categorias, são vítimas de sanções disciplinares e exclusões. No ensino básico, as literaturas infantil e juvenil constituem elemento importante, enquanto artefato de cultura no espaço escolar e também familiar (pensando no caso de crianças que vivem em lares de adultos leitores que cultivam a leitura de textos literários infantis e juvenis). Assim, a literatura pode ser considerada como um artefato das pedagogias e do currículo, produzindo conhecimentos e contribuindo para produzir identidades culturais. Nesse sentido, este grupo de trabalho propõe abarcar propostas de corpus literário que dialoguem ou problematizem com as seguintes temáticas: gênero, sexualidades, diversidades sexuais e étnico-raciais a fim de pautar a identidade e diferença, ambas prementemente presentes nos ambientes escolares, mas muitas vezes são silenciadas nas práticas pedagógicas e no currículo oficial de ensino.
Palavras-chave: Literatura Infantil/Juvenil – Currículo – interseccionalidades.
ÁFRICA, CINEMA E ARTES VISUAIS
Proponente/coordenador:
Marcos Aurélio Felipe ( UFRN)
“Vocês nos olham como se fôssemos insetos!”. A partir da provocação do diretor senegalês Ousmane Sembéne, que, em um debate antológico com o cineasta francês Jean Rouch, em 1965, colocou em questão o olhar estrangeiro sobre o outro, ou seja, as visões de quem olha de fora e é exterior a realidade que representa, documenta ou ficcionaliza, este Grupo de Trabalho tem como objetivo explorar a multiplicidade e a complexidade das visões das artes e das linguagens visuais sobre a África (sobretudo em sua dimensão continental, mas também diaspórica, cuja presença se pode localizar em diversas partes do mundo, países e continentes). Por meio de investigações, pesquisas e reflexões sobre o olhar produzido por filmes de ficção ou documentários, em particular, e pelas artes visuais, em geral, pretendemos, portanto, colocar em debate e em crise as produções cinematográficas, imagéticas e visuais que tenham sido realizados pelos próprios africanos e por cineastas e/ou artistas estrangeiros. Isto é, aguardamos propostas de trabalhos que analisem e reflitam não apenas as visões produzidas pelos próprios africanos, mas, ao mesmo tempo, os olhares de cineastas e artistas visuais estrangeiros sobre África. Nesse sentido, esperamos abrir espaço para as diversas pesquisas provenientes dos estudos africanos e dos estudos do cinema e das artes visuais, cuja interface encontra-se na história e na cultura do continente africano abordadas pelos filmes, por fotografias, pinturas e demais produtos das linguagens visuais. Baseados nas mais diversas perspectivas teórico-metodológicas, espera-se que os trabalhos possam contribuir para delinear um panorama de questões e problemáticas de ordem histórica, cultural, política, social, estética etc., que apresentam a pluralidade africana (no sentido, também diaspórico e não apenas continental), em confluência com as obras de diretores e/ou cinematografias /ou aos produtos do campo das imagens – que apareçam como objetos e vetores de reflexão e produção de conhecimento.
Palavras-chave: África. Cinema. Artes Visuais.
LITERATURAS AFRICANAS DE AUTORIA FEMININA:
ativismo político e feminismo literário
Proponentes/coordenadores
Francisca Zuleide Duarte de Souza (UEPB)
Sávio Roberto Fonseca de Freitas (UFRPE/PPGL-UFPB)
Este GT acolhe análises críticas de produções literárias que deem visibilidade às vozes femininas que compõem a roda de intelectuais e feministas contemporâneas em países africanos. A produção literária de escritoras como Chimamanda Adichie(Nigéria), Buchi Emecheta (Nigéria), Fatu Diome (Senegal), Hirondina Joshua (Moçambique), Rinkel (Moçambique), Sónia Sultuane(Moçambique), Paulina Chiziane(Moçambique), Ken Bugul (Senegal), Nawal El Saadawi(Egito), Fatema Mernissi (Marrocos), Ama Ata Aidoo(Gana), Odete Semedo (Guiné Bissau), Conceição Lima (São Tomé e Príncipe), Yvonne Vera(Zimbabwe), Warson Shire(Quênia), Léonora Miano (Camarões), e crítica feminista africana feita por Theo Sowa (Gana), Osai Ojibo (Nigéria), Luimah Gbwee (Libéria), Minna Salammi (Nigéria), Amina Doherty (Nigéria), Nana Sekyiannah (Gana), Amina Mama (Nigéria), Yewande Omotoso (Nigéria), Parity Kagwiria (Quênia), Yaba Badoe (Gana), Aisha Ibrahim Fofana (Serra Leoa) , entre outras, mostram uma cumplicidade feminina que se constrói para discutir temas que corroboram com a territorialização da autoria feminina em um campo minado por ideologias machistas e patriarcais em países africanos que obnubilam temas como: abordo, abuso sexual, tráfico de mulheres, tráfico de drogas, pedofilia, prostituição, lesbianismo, maternidade, casamento, guerra civil, colonialismo, pós-colonialismo, descolonização, identidade cultural, religiosidade, direitos humanos, ativismo político, feminismo africano. Desta forma, nosso simpósio pretende desenvolver uma discussão que viabiliza o ponto vista feminista africano como categoria problematizadora das questões de raça, classe e gênero em textos críticos e literários elaborados por mulheres africanas.
Palavras-chave: Literatura Contemporânea. Autoria Feminina. Países Africanos.
LEITURA LITERÁRIA:
brincadeiras na formação escolar
Proponentes/coordenadoras
Giane Maria da Silva (UFT)
Maria Aparecida de Matos (UFT)
O GT Literatura e Ensino visa apontar caminhos de como se trabalhar a leitura literária em sala de aula desvinculada de nota, de avaliação formal, por meio de diferentes atividades de leitura que visam promover uma interação prazerosa entre leitores e textos. Parte-se do pressuposto de que o processo de criação constitui etapa importante no letramento literário, que visa formar leitores de literatura aptos a ler desde textos mais simples até textos mais complexos, do ponto de vista da elaboração da linguagem. Neste GT, discute-se o despertar da vontade de ler, a paixão pelos livros, a interação com obras literárias, a incitação da imaginação, a criação de brinquedos, a valorização e a ampliação do repertório de leitura, tanto de alunos quanto de professores, a partir da criação de novas brincadeiras com as palavras, da utilização de diferentes estratégias de leitura e do estabelecimento de maneiras de ler e de compreender suscitadas por diferentes textos, ampliando assim as habilidades de interpretação e de produção de sentidos. O GT se propõe a discutir ainda a importância da leitura de textos literários nas escolas, com objetivos e práticas bem delimitadas pelos professores que visam o desenvolvimento da competência dos leitores. Leitores esses que interagem com textos de diferentes gêneros, discutem, questionam, recriam, debatem e partilham emoções e sentidos. Partimos do princípio de que para que a leitura literária seja desenvolvida nas escolas é necessário que os professores sejam leitores de literatura e que proponham alternativas metodológicas para a formação do leitor. Propõe-se, portanto, que os docentes sejam mediadores de leitura, que invistam na prática do letramento literário no cotidiano das salas de aula, das bibliotecas, das brinquedotecas, enfim, de todos os espaços escolares.
Palavras-chave: Leitura literária, letramento literário, formação de professores
(RE)CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE ATRAVÉS DE ENCONTROS CULTURAIS, LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS
Proponentes/coordenadoras
Karina Chianca Venâncio (UFPB – UFRN/PPGEL)
Rosalina Maria Sales Chianca (UFPB)
No âmbito deste Congresso Internacional de Literaturas e Culturas Africanas, GRIOTS, o nosso simpósio focaliza-se no estudo do Outro e de Si mesmo, através de diálogos transdisciplinares e transculturais, numa análise de espaços literários e linguageiros que permitam a (re)descoberta de identidades quebradas e em reconstrução permanente, em busca de equilíbrio individual na arquitetura e na harmonia de grupos. Desde que a humanidade se interroga sobre Si, o Outro emerge inevitavelmente, fazendo sugir a relação alteridade/identidade, um dos assuntos privilegiados da reflexão atual nas Ciências Humanas. Essas discussões são uma presença constante não somente no campo literário, mas também na filosofia, na antropologia, em ciências sociais e nas ciências da educação, em psicologia e em psicanálise. Atualmente, face aos contatos intensificados pelos meios de comunicação, por viagens, leituras e/ou deslocamentos individuais ou de grupos, as trocas interindividuais e intergrupais são intensificadas, permitindo e ocasionando encontros nacionais e transnacionais. Tendo em vista esse contexto, deve-se então focalizar a busca identitária, esta construção individual e coletiva, através dos estudos linguísticos e literários. Este simpósio traz uma reflexão sobre a presença e a força da história e da memória coletiva para a formação de uma sociedade, onde se exprimem identidades linguisticas, literárias e culturais. O indivíduo é transmissor dessa bagagem cultural e portador de uma identidade individual e coletiva. Através não somente da palavra, mas também das diferentes formas artísticas, ele faz emergir toda essa memória. Ora, uma determinada sociedade se baseia nos seus mitos, na sua religiosidade, nos seus rituais, nas suas crenças, seja através de uma transmissão oral e/ou escrita, seja através de expressões artísticas. Resgatar essa tradição, promovendo uma releitura e uma reavaliação das referências culturais, inclusive nos países que sofreram o processo de colonização, escravidão e exploração, tão presentes ainda nos tempos atuais, nos ajudam a construir a nossa identidade individual e coletiva, nos (re)situando na sociedade contemporânea. O marco teórico do Grupo de Trabalho se apoia em diferentes áreas de conhecimentos, dentro de uma transversalidade cultural e artística.
Palavras-chave: Identidade. Memória. Culturalidade.
AFROFUTURISMO, INSURGÊNCIAS E GESTOS DECOLONIAIS
Proponentes/coordenadores
Jamile Borges da Silva – Universidade Federal da Bahia / Brasil
Francisco Ramallo – Universidad Nacional de Mar Del Plata/Argentina
(Re)pensar, a descolonialidade no contexto brasileiro implica criar epistemologias atentas aos contextos e marcas culturais locais através da formulação de abordagens interseccionais que abarquem os diferentes marcadores sociais como gênero, sexualidade, raça, classe. Para tal, propomos aqui incorporar três categorias centrais para esse empreendimento: Espectropolitica, Genealogias excêntricas e Gestos descoloniais. Queremos argumentar em favor de filosofias que incitam Outridades e subjetividades animadas por aquilo que eu chamo de Epistemologias Atentas, isto é, longe de buscar a obsessão fundacional das genealogias ocidentais com os país fundadores da ciência – pensamento falocêntrico -, me interessa por em perspectiva aquilo a que Blaise Pascal chamou de sprit de finesse - o espírito de finesse – ou uma delicadeza que diz respeito ao campo da compreensão, da atenção, da escuta e da compaixão. São epistemologias assentes na escuta sensível, no trato ético com os saberes das populações subalternizadas, no entendimento da delicadeza que compõe a sofisticação daqueles saberes produzidos nas fronteiras, nas bordas de nossas academias e centros de investigação. São insurgências teórico-metodológicas, estratégias de resistência que desconfiam dos saberes estabelecidos e movimentam-se por brechas e formas de transgredir as práticas e discursos sociais já instaurados e naturalizados, fabrica uma outra geopolítica cruzando as divisas entre espaços, desmanchando as fronteiras entre temporalidades avançadas e atrasadas, entre capacidades tecnológicas e fantasmáticas – e, crucialmente, entre quem pode e quem não pode narrar o nosso futuro. Nesse sentido, se buscará refletir sobre as insurgências epistêmicas, os distintos modos de contar a história e o futuro da ÁFRICA CONTEMPORÂNEA, em diálogo com as diferentes narrativas no campo das artes, cinema, literatura, ficção, fabricando outras narrativas sobre o que significa ser africano e afro-brasileiro.
Palavras-chave: Afrofuturismo. Descolonialidade. África contemporânea
HISTÓRIA, ANCESTRALIDADE, MITOS, MEMÓRIA, RELIGIOSIDADE E ORALIDADE
Proponente/coordenadora:
Rosivalda dos Santos Barreto (Secretaria de Educação do Estado da Bahia)
A história, a ancestralidade, os mitos, a memória, a religiosidade e a oralidade são sustentáculo de uma sociedade fazendo parte de seu processo civilizatório. Por eles são reconhecidos os patrimônios culturais materiais e imateriais fazendo emergir as nuances e formas de expressão das populações, contribuindo dessa forma para o enraizamento, territorialidade e reterritorialidade de cada povo. Para tanto é importante visibilizar importância e a participação de homens e mulheres nas tessituras sociais tangível às temáticas que intitulam o GT, se contribuem e como para o fortalecimento das identidades por meio das atividades sócio-político-religiosas-mitológicas cotidianas. Desta forma é fundamental destacar o papel da memória para a visibilização e valorização da história de cada povo, inserindo e lembrando assim do papel da memória artificial no mundo informacional global. Quanto aos mitos, destacar se eles ainda são ou não capazes de manter o seu caráter simólico-imagético e se são ou não capazes de promover o fortalecimento dos laços afetivos e emocionais de cada população. A religiosidade também trama as relações sociais e políticas de uma sociedade, tendo em sua base a oralidade que cimenta ideologias contribuintes para a educação positiva ou negativa, que pode se encaixar na aprendizagem que perpetra por exemplo os preconceitos. A religiosidade evangélica e neopentecostal é digna de nota no sentido de verificar como elas lidam com as temáticas que aborda o título do GT. O objetivo deste GT é contribuir no debate desses temas verificando como eles se apresentam na contemporaneidade, o que permanece; o que e como se modificam e se são afetados com as transições das sociedades. Além disso abrir o debate e conhecer os estudos de pesquisadores, professores universitários, estudantes de graduação, pós-graduação, e experiências dos professores da escola básica relacionados com a: oralidade, história, ancestralidade, mito, memória e religiosidade nos territórios em que estão inseridos(as). Agregando a isso a forma que se apresentam, são transmitidos e se mantém, principalmente no trato com a criança e sua infância para a manutenção e aprendizagem da sua história e da de sua população.
Palavras-chave: História. Memória. Oralidade.
LITERATURA E ENSINO
Proponentes/coordenadoras
Maria Lúcia Pessoa Sampaio (UERN - Pau dos Ferros)
Valdenides Cabral de Araújo Dias (UFRN - Currais Novos)
O GT propõe discutir, a partir das literaturas africanas e afro-brasileiras, questões relativas às formas de combate às desigualdades geradas pelo preconceito, pelo racismo e pela discriminação em sala de aula. Sabemos que no espaço escolar, “a cultura de tradição africana acaba se restringindo às datas comemorativas e às meras ‘contribuições’ para a formação da sociedade brasileira (CAVALLEIROS, 2001). Ou seja, a escola, após três décadas de debates e questionamentos acerca da implementação da Lei 10.639/08 e de inúmeros estudos daí resultantes, permanece negligente em relação a essa problemática, dificultando, na prática, o desempenho de um ensino inclusivo que proporcione o debate sobre as desigualdades com as quais lida diariamente. Cabe à escola o papel importante na reversão desse quadro, trabalhando coletivamente na busca de soluções que culminem numa aprendizagem satisfatória, oportunizando aos alunos refletirem sobre temas como pertencimento e identidade. O papel do professor como mediador é fundamental, uma vez que a ele cabe desenvolver as estratégias de ensino que melhor se adequem às necessidades dos alunos. De forma que o aluno, uma vez na escola, possa sentir que, naquele espaço, reside a possibilidade de questionar e desconstruir os mitos de superioridade e inferioridade entre grupos humanos que foram introjetados neles pela cultura racista na qual foram socializados. (MUNANGA, 2005). As literaturas de matrizes africanas entram, pois, como coadjuvantes do ensino para, a partir de seu universo mágico, fabulado e humanizador (CANDIDO), permitindo ao aluno “posicionar-se diante da obra literária, identificando e questionando protocolos de leitura, afirmando ou retificando valores culturais, elaborando e expandindo sentidos” (COSSON, 2014). Serão aceitos trabalhos que contemplem as relações entre essas literaturas e o ensino, bem como suas contribuições para dirimir as desigualdades existentes no espaço escolar.
Palavras chave: Literatura. Ensino. Identidade.
A DICÇÃO FEMININA NAS LITERATURAS DO CARIBE E EM PAÍSES AFRICANOS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Proponentes/coordenadores:
Enilce Albergaria (UFJF)
Tânia Lima (UFRN)
Este GT propõe análises e discussões críticas acerca das literaturas de autoria feminina de autoras dos países africanos de língua portuguesa e do Caribe de línguas francesa, espanhola e inglesa, vivendo em seus países de origem ou em diáspora. Tendo como foco a questão de gênero, pretende-se observar estratégias políticas e literárias locais, regionais, nacionais ou transnacionais frente às estruturas de poder do patriarcalismo, machismo, misoginia, homofobia, dentre outros, nos espaços comunitários e societários. Frente ao processo de globalização econômica e cultural, à expansão em âmbito mundial de um pensamento neoconservador, o GT se propõe a dar visibilidade às estratégias de resistência e luta presentes nas escritas de autoria feminina de autoras cujas comunidades trazem as marcas da colonização europeia. Enquanto ação do verbo no combate às atrocidades no mundo, cabe aqui observar o grande massacre realizado pelo patriarcado na tentativa de calar, ao longo da história, a voz rebelde das mulheres negras africanas e caribenhas. No hipercapitalismo atual, a violência revisitada na escrita dessas mulheres aponta um colonialismo cultural que, de diversas formas, se mostra preconceituoso e fundamentalista. Todo preconceito traz características deprimentes de um estado humano adoecido. A literatura contemporânea de autoria feminina africana e caribenha, neste contexto, aponta dúvidas, faz perguntas sem respostas; denuncia o racismo machista em tom de ironia, dentre outros. Neste GT, investigam-se espaços, territórios, cartografias do desejo, textualidades e lutas no combate ao preconceito em vários ângulos, em sintonia e diálogo com o pensar de Oyeronke Oyewumi, pesquisadora nigeriana, quando observa que a feminista branca, casada, doméstica, que está presa apenas no núcleo familiar, não consegue ver a questão de raça ou de classe. O problema não é que a conceituação feminista comece com a família, mas que ela nunca transcenda os limites ou deslimites da família nuclear. Em outras culturas, há diferentes laços, traços afetivos, ritos familiares que a nossa memória desconhece.
Palavras Chave: autoria feminina, colonização europeia, escrita africana, escrita caribenha.
POESIA CONTEMPORÂNEA E OS DIÁLOGOS INTERSEMIÓTICOS
Proponentes/coordenadores:
Francisco Fábio Vieira Marcolino (UFRN)
Amador Ribeiro Neto (UFPB)
Em face da multiplicidade de dicções poéticas, das variadas relações com a tradição e a vanguarda, desenvolvidas ao longo deste recorte temporal, não elegemos uma linha teórica diretriz, mas optamos pela ampliação do campo de discussões através da justaposição/contraposição de obras poéticas e teóricas as mais variadas. Neste sentido, há espaço para toda a produção poética inserida nesta faixa cronológica(1970-2018), bem como para as diversas correntes de abordagem do texto poético, desde que centradas na linguagem poética em si, quer seja, enfatizando a poesia como forma de expressão estética. Desde sempre, o texto poético é marcado pela hibridização de linguagens, e atualmente, esta característica encontra-se mais acentuada, principalmente após as contribuições das vanguardas desenvolvidas no início do século 20 e das neovanguardas criadas nos anos 1950. Há autores, entre eles Ezra Pound, Décio Pignatari e Augusto de Campos, que defendem a ideia de que a poesia está mais próxima das artes plásticas e gráficas, bem como da música, do que da literatura – esta circunscrita aos aspectos constitutivos da linguagem verbal. Dessa maneira, tomando o texto poético como um objeto polifônico e heterogêneo podemos inseri-lo numa “zona de fronteira”, aos modos do conceito apontado por Lotman. Para a Semiótica da Cultura, segundo Irene Machado (Escola de Semiótica: A Experiência de Tártu-Moscou para o Estudo da Cultura), fronteira é uma “zona de liminaridade e espaço de trânsito, de fluidez, de contato entre sistemas semióticos”. A vantagem de acionar essa percepção reside na aceitação de que há uma “semiosfera” na qual ocorrem confluências dos sistemas culturais através da zona de “fronteira”, pela qual circulam vários códigos. Por essa via, se a semiosfera alimenta-se através das zonas de fronteira, textos poéticos que mantêm permanente trânsito intra(inter)semiótico, atualizam e renovam a linguagem poética, quando flertam e convidam para a festa sígnica outros repertórios e outras alteridades. Esse caráter de abrangência e abertura da poesia, e não só dela, permite a incorporação de outros códigos: artes plásticas, cinema, teatro, música (sem distinção entre erudita e popular), dança, arquitetura e mais recentemente a apropriação criativa do contexto digital, recolhida no termo “poesia digital”. Por essa mirada, cabe neste Grupo de Trabalho a inserção de estudos que dialoguem com os múltiplos códigos e as séries culturais consolidados ou em vias de mutação.
Palavras-chave: Poesia em língua portuguesa (1970-2018). Contemporaneidade. Diálogos intersemióticos.
MULHERES, IDENTIDADE DE GÊNERO E OU RAÇA NA LITERATURA
Proponentes/coordenadoras:
Vânia Maria Ferreira Vasconcelos(UNIILAB)
Dra Lilian Paula Serra e Deus (UNILAB)
O objetivo deste simpósio é compartilhar experiências de pesquisa que enfocam a construção/desconstrução de identidades de gênero, a hierarquia entre gêneros, autoria e representação de mulheres na literatura,assim como discutir a interseção entre estas questões e a violência racista. Dessa forma, interessa-nos textos que discutam, a partir do viés literário, questões como representações de gênero, relações raciais, heteronormatividade, diásporas africanas e literaturas africanas. No mundo teórico da pós-modernidade, as certezas postas antes precisam ser relativizadas e, algumas, por definição e objetivo, desconstroem-se no mesmo movimento de afirmar-se. O chão onde pisamos não é mais sólido. No texto em que analisa o lugar do pensamento feminista na pós-modernidade, Judith Butler afirma que toda ação política é a ação de um sujeito instável, pois é sempre necessário questionar os fundamentos iniciais do nosso pensamento a respeito das categorias, pensando nas suas circunstâncias contingenciais. A morte das certezas absolutas em torno dos conceitos identitários caracteriza o debate acadêmico atualizado. Mais do que isso, muitos dos pensadores e teóricos das chamadas ciências humanas contemporâneas compreendem que não podemos pensar as pessoas – e, portanto, suas expressões no mundo – desatrelando-as de sua circunstância, de seu lugar de fala, como nos alerta, em conhecido texto, Stuart Hall. Apesar de todo esforço teórico em torno da reflexão sobre a diversidade, o mundo pós-moderno mostrou-se deficiente para aplacar o preconceito e, por isso, (re)vive os resquícios de uma história marcada pela ignorância e violência. Esses eventos irrompem-se, sutil e abruptamente, na Literatura – instrumento de comunicação e interlocução entre os indivíduos. As experiências de mulheres, antes silenciadas na narrativa historiográfica, e de outros sujeitos discriminados ganharam visibilidade. Tais conquistas históricas são resultantes de lutas que se evidenciam em diferentes arenas discursivas. No território de disputas, pesquisas mostram como evidentes não apenas avanços e resistências, mas permanências, baseados em matrizes moralistas, fascistas e racistas. Pensar em categorias como gênero e raça é pensar politicamente o estar no mundo. Ler e produzir textos, nestas perspectivas, é adotar a postura de compreensão de que a escrita e a leitura são atos culturais, sempre inspirados ou contaminados pelo locus da fala e do olho de quem a isso se propõe. Desse modo, este Simpósio Temático objetiva discutir, a partir das mais distintas bases epistemológicas (sociológicas, psicanalíticas, semióticas, filosóficas, dentre outras), as relações de e entre raça e gênero que se subjetivam na e pela tessitura literária. Assim, pretendemos contribuir para o estabelecimento de um debate no qual o texto literário surge como ferramenta de reflexão e, consequentemente, convida-nos a imaginar outras possibilidades de laços sociais.
Palavas chave: Mulheres. Raça. África.
LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA FRANCESA:
Resistir na língua do outro
Proponentes/coordenadores:
Márcio Venício Barbosa (UFRN)
Mônica Fiuza Bento de Faria (UFF)
A presença da língua francesa na África é uma marca da atuação do colonizador e da extrema violência do sistema colonial e, como tal, expõe todos os paradoxos contidos em uma relação de dominação e fascínio. Mesmo antes das independências ocorridas no século XX, a língua francesa já representava uma língua de resistência na literatura, primeiramente, contra o próprio colonizador, para, em seguida, erguer-se também como instrumento contra desmandos internos de toda ordem. Apropriada pelas antigas colônias africanas, a língua francesa viu surgir, pelas mãos de Senghor, o movimento da Negritude, levando ao mundo a discussão sobre a identidade e a afirmação do negro e de suas culturas. E, pelo mesmo poeta, viu também a construção política da francofonia. Ainda hoje, essa língua é veículo também da resistência a esses mesmos conceitos e renova-se incessantemente, trazendo para o universo literário as principais questões que agitam o continente africano: as disputas religiosas, o terrorismo, a opressão à mulher, os governos arbitrários, as migrações... Todos esses temas poderão ser abordados pelos trabalhos deste GT, tendo a resistência contra situações que atentam contra os direitos humanos como fio condutor.
Palavras-chave: Língua francesa. Resistência. Literatura pós-colonial.
HÁ MEROS DEVANEIOS TORTOS A ME TORTURAR
Proponente/coordenador:
Alcione Correa Alves (UFPI)
Se, no I Simpósio Internacional de Crítica Literária, realizado na Universidade Federal do Piauí, realizamos o Grupo de Trabalho intitulado “Teoria(s) da Literatura e descolonização epistêmica”, acolhendo comunicações orais dedicadas a uma história possível da Teoria Literária desde nosso lugar de enunciação científica; e se, em 2017, na terceira edição dos Nuevos Horizontes de Iberoamérica, propomos um Simpósio intitulado “Descolonizar nossos problemas”, destinado a acolher comunicações orais sob o eixo da descolonização, enquanto base a nossa formulação de problemas relevantes de pesquisa, de conceitos e de aportes metodológicos relativos a uma história possível da Teoria Literária; para esta edição do Congresso Internacional Griots, propomos um Grupo Temático que, em sequência e complementariedade aos dois supracitados, visa a acolher comunicações orais a fim de discutir nossas práticas científicas, desde nosso lugar americano de enunciação, tomando-nos como sujeitas(os) de conhecimento que se inserem e se legitimam, no atual estágio do campo dos Estudos Literários. Em consonância aos Eixos Temáticos 5: Literatura, descolonização, guerras e diáspora; e 6: Literatura afrobrasileira e latinoamericana; gostaríamos de receber comunicações orais acerca de literaturas negras americanas (no que se incluem as literaturas negras brasileiras), dispostas a discutir nossos problemas teóricos, desde e para nossos lugares americanos – se necessário, em uma perspectiva de discussão a nossas bases de pensamento centroeuropeu. Para tanto, sugerimos os seguintes eixos: a) comunicações analisando obras literárias negras americanas, examinando tensões e problemas relevantes quando as investigamos à luz de um arcabouço teórico centroeuropeu; b) comunicações analisando obras literárias negras americanas (no que se inclui, para todos os fins, o Brasil), recorrendo a um arcabouço teórico americano para sua compreensão; c) comunicações discutindo referenciais teóricos americanos, desde um lugar americano (América Latina; Caribe; Abya Yalá; Canadá, em uma perspectiva relacional às Américas; Brasil, em perspectiva relacional às Américas; a diferença desde Estados Unidos: por exemplo, black feminism, feminismo chicano), assim como seus usos e interpretações possíveis em Teoria Literária; d) comunicações discutindo perspectivas teóricas descolonizadoras, assim como suas consequências em um debate mais amplo no atual estado do campo dos Estudos Literários; e) comunicações discutindo a recepção, nas Américas, de um quadro teórico desde o Norte – ou, a depender da perspectiva adotada, desde o Sul global – assim como suas consequências em um debate mais amplo, no atual estado do campo dos Estudos Literários; f) comunicações estabelecendo diálogos entre nossos problemas de pesquisa correntes, no Brasil, em relação a uma comunidade científica mais ampla, americana. Em suma, se trata de um Simpósio dedicado a acolher comunicações debatendo problemas atinentes a uma Teoria Literária possível, desde um lugar de enunciação americano, assim como suas consequências em um debate mais amplo no atual estado do campo dos Estudos Literários.
Palavras chave: Estudos literários. Descolonização. Diáspora.
LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DIREITOS HUMANOS
Proponente/coordenadora:
Sylvie Debs (Universidade de Estrasburgo - França)
Desde 2014, a CABRA (www.cabras.org), Casas BRAsileiras de Refugio, promove a liberdade de expressão, defende os valores democráticos e promove a solidariedade internacional, implementando a Rede Internacional de Cidades Refugio (ICORN: www.icorn.org) no Brasil, onde se criou o conceito de “universidade-refugio” com a adesão da UFMG em 2017, a primeira “univer-cidade-refugio” na América do Sul. Assim, desde junho de 2017, o escritor e doutor Felix Kaputu, da Republica Democrática do Congo, é o primeiro ICORN residente no Brasil. Em 12 anos, e graças por volta de 70 cidades no mundo, mais de 190 escritores e artistas foram hospedados pela rede ICORN, permitindo que os escritores, jornalistas, músicos e ativistas dos direitos humanos sejam salvos, mas não silenciados. Sendo acolhidos e protegidos fora de seus países de origem, eles podem seguir produzindo, publicando e se expressando nos seus países de acolhida, assim que defender seus direitos humanos nos seus países de origem. A rede, lançada por Salman Rushdie em Estrasburgo (França) em 1993, e baseada no conceito de Jacques Derrida de “cidade de refugio”, permite justamente a integração do “estrangeiro, exilado, deslocado, emigrado...” no seu novo pais, graças a ética da hospitalidade. As cidades que participam da rede se comprometem em hospedar o artista, casal ou família por um período de dois anos. Eles oferecem alojamento, seguro social, aprendizagem da língua do país anfitrião, assim que um salário mínimo para despesas correntes. As cidades também integram o escritor/artista em eventos culturais, sociais, acadêmicos. Podemos citar alguns exemplos de escritores e artistas protegidos por ICORN: Svetlana Alexievitch, Belarus, Prêmio Nobel de Literatura 2015:Zineb El Razhoui, Marrocos, jornalista da Charlie Hebdo, Ramy Essam, Egito, cantor da Primavera Árabe. Dentro dos países mais expostos ao não respeito da liberdade de expressão e dos direitos humanos, há um grande número de países africanos, como Benim, Camarões, Chade, Egito, Eritreia, Etiópia, Gambia, Quênia, Marrocos, Nigéria, República Democrática do Congo, Somália, Sudão, Zimbabué. As razoes das perseguições são ou politicas, religiosas, de orientação sexual ou de gênero. Proponho apresentar o percurso e as obras de alguns ICORN residentes oriundo da África, como o músico Abazar Hamid (Sudão), a jornalista Zineb el Rhazoui (Marrocos) e o advogado de direitos humanos Daniel Mekonnen (Eritreia), ou seja, mostrar, por um lado, por que foram perseguidos e, por outro lado, como continuam a lutar por seus direitos e convicções.
Palavras-chaves: Liberdade de expressão. Ativista de Direitos Humanos. Solidariedade internacional.
LITERATURA E ENSINO: LETRAMENTOS E LEITURAS TECIDAS ENTRE LITERATURA E DIREITOS HUMANOS
Proponentes/coordenadores:
Derivaldo dos Santos (UFRN)
Maria Suely da Costa (UEPB)
Este GT objetiva congregar professores, pesquisadores e bolsistas de iniciação científica a relatarem experiências com o fomento à leitura de textos literários que visem contribuir para uma visão do ensino de literatura como princípio humanizador, além de levantar questionamentos acerca de si a Literatura é tratada como um Direito Humano no contexto de ensino. O Grupo receberá trabalhos que versões sobre relações tecidas entre literatura e direitos humanos a partir de diferentes perspectivas teóricas. Considerando que todo indivíduo está em processo de constante formação, a literatura é um dos importantes dispositivos com que ele pode contar para confirmar e reconfirmar a sua humanização (CANDIDO, 2004). Tem-se por foco que a formação do leitor é construída pelo contato afetivo com obras de reconhecido valor estético e pela identificação com algumas das mais variadas experiências de leitura em diversos gêneros literários. Em função disso, grandes são os desafios, nos dias atuais, que se colocam para a instituição do gosto pela leitura literária, assim como a necessidade em se rediscutir a Literatura, o seus conceitos e desafios no contexto atual, sua transposição para o ambiente escolar e fora dele. Isso porque “quem acredita nos direitos humanos procura transformar a possibilidade teórica em realidade, empenhando-se em fazer coincidir uma com a outra” (CANDIDO, 2004). No contexto de ensino, sob uma visão interdisciplinar, a literatura possibilita aproximar e problematizar temas precípuos do cotidiano dos membros do tecido social, permitindo a reflexão sobre certos problemas no âmbito das áreas de conhecimento humano. Em função disso, o GT está aberto a trabalhos que reflitam sobre o ensino de literatura com ênfase nas experiências desenvolvidas para abordagem de gêneros literários diversos, clássicos e populares, das literaturas de Língua Portuguesa, centrados no letramento literário (COSSON, 2006; SOARES, 2004), considerando a sua aplicação em sala de aula.
Palavras-chave: Literatura. Ensino. Direitos Humanos
LITERATURAS NEGRAS/AFRO-BRASILEIRAS E AFRICANAS PARA CRIANÇAS, JOVENS E ADULTOS: OUTRAS VEREDAS, NOVAS TRAVESSIAS (LEI 10/639/03)
Proponentes/coordenadoras:
Maria Anória J. Oliveira (UNEB-Pós-Crítica)
Rosilda Alves Bezerra (UEPB/PPGLI/PROFLETRAS)
A literatura, assim como os demais produtos culturais, não ficou alheia às injunções do tempo constituindo-se, em sua trajetória histórica, em uma linguagem susceptível ao racismo e suas multifacetadas faces, conforme evidenciado por reconhecidos/as estudiosos/as da área. Identificamos, nessa linha de pensamento, a reincidência de um perigo problematizado pela escritora nigeriana Chimamanda Adiche (2008). Referimo-nos, no caso, ao perigo de uma história única, através da qual se visa a salvaguardar valores culturais eurocêntricos em detrimento dos demais. Esse vicioso círculo foi alterado, de certa forma, após o impacto das Ações Afirmativas no âmbito da educação e, por consequência, no mercado editorial. Contudo, mais de quinze anos transcorreram sem haver, de fato, o cumprimento da Lei Federal 10.639/03, salvo raras exceções; e, pior, nos últimos tempos passamos a sofrer acintosa perda de direitos conquistados há duras penas, além da ameaça de mordaças ao legado cultural que nos remete às origens africanas recriadas no Brasil. Diante do cenário caótico de retrocessos, reconhecemos a necessidade de nos determos sobre as produções que possibilitam a valorização e a ressignificação da história e das culturas negras/afro-brasileiras e africanas, especialmente daquelas indicadas aos jovens, às crianças (denominadas infantis, juvenis), e as obras voltadas ao Ensino Fundamental e EJA. Interessam-nos, em especial, as produções que inovam o cenário literário (poesia e prosa), em termos estéticos e temáticos. Ou seja, re/pensar recortes, aportes teóricos, metodológicos, o lugar do nosso discurso e/ou o ensino de tais literaturas com o intuito de, também, ampliar estratégias antirracismos são alguns objetivos do presente GT. Afinal, da África continental às diásporas, há uma plêiade de escritores/as consagrados/as, entre outros/as ainda desconhecidos/as, requerendo certa atenção e mais visibilidade pela qualidade textual e relevância social das respectivas obras. Ensejamos que os participantes do GT Literaturas negras/afro-brasileiras e africanas para crianças, jovens e adultos: outras veredas, novas travessias (Lei 10/639/03) apresentem resultados parciais ou concluídos de pesquisas que possam favorecer a formação do leitor crítico, atento às causas antirracismos e às diferenças. Concluímos com o propósito de que essas discussões sobre novas perspectivas no ensino das literaturas em questão sejam mais um reforço para o fortalecimento do processo de afirmação e construção das identidades negras da sociedade brasileira.
Palavras-chave: Literatura Infantil e Juvenil negra/afro-brasileira, africana.
LITERATURAS E FILOSOFIA: diálogos e intermitências
Proponentes/coordenadoras:
Maria de Fátima Batista Costa (FAFICA/Faculdade ESUDA)
George Fernandes da Silva (FAFICA)
A literatura a Filosofia são dois campos da experiência humana onde o pensar, comprometido com a existência enquanto facticidade e enquanto acontecimento histórico, se lançam sobre as questões que inquietam, que interrogam, que latejam no mundo da vida e que exigem do homem não apena respostas objetivas, técnicas, racionais, mas o trabalho do imaginário, da sedução e do encantamento, num projeto contínuo de afirmação de si mesmo como história, cultura, razão, imaginário. Literatura e Filosofia são lugares de discursivos diferentes, cada qual tem suas especificidades dialógicas próprias, mas são campos que se intercambiam num diálogo ininterrupto em torno das principais questões humanas, e uma vez provocados, não cessam de produzir novos sentidos revelando articulações novas para o pensar. A Literatura, seja pela experiência poética, pela ficção, pela narrativa oral, etc,... e a Filosofia, nas mais diversas correntes, seja empirista, racionalista, fenomenológica, existencialista, etc., são sempre a incansáveis na tarefa luta humana pelo direito à fala pública. Especialmente a Literatura e a filosofia latino-americana, bem como a Literatura africana, traçam um mapa de questões que reclamam um debate constante para os homens. O objetivo deste GT é abrir esse espaço para o debate entre Filosofia e Literatura no que tange as questões éticas, estéticas, sócio-politicas, poiéticas, questões ligadas aos direitos humanos, a desterritorialização e pertencimento, ao desenraizamento, identidade e subjetividade, etc. Não se trata de estabelecer relações de comparação ou mesmo de influência de um discurso sobre o outro, uma vez que tanto literatura quanto filosofia são modos particulares de dizer o homem em suas inquietações, dores, prazeres, dúvidas, mistérios, desejos, oscilações, e são dizeres que, mesmo mantendo relações profundas, conservam-se independentes e singulares no modo de ser um posicionamento sobre o ser. Se trata de ampliar os lugares e espaços discursivos para estes dois campos do saber e da experiência humana.
Palavras-Chave: Literatura. Filosofia. Diálogos.
LITERATURA AFRO-BRASILEIRA E LITERATURA LATINO-AMERICANA
Proponentes/coordenadoras:
Regina Simon da Silva (UFRN)
Alessandra Corrêa de Souza(UFS)
A literatura é o espaço de aproximação entre as diferentes culturas, povos e tempos, representados nas diversas manifestações da ficção, da poesia, dos relatos de viagem, dos diários, das literaturas testemunhos, autobiografias etc. É também espaço de resistência e de luta, onde mulheres de diferentes classes sociais expressam seus pensamentos, angústias, queixas, denúncias e reivindicações. Para tal imbricação, Regina Dalcastagnè (2008) problematiza o olhar de “dentro” do escritor, ou seja, “(...) quando entendemos a literatura como uma forma de representação, espaço onde interesses e perspectivas sociais interagem e se entrechocam, não podemos deixar de indagar quem é, afinal, esse outro, que posição lhe é reservada na sociedade, e o que o silêncio esconde. Por isso, cada vez mais, os estudos literários (e o próprio fazer literário) se preocupam com os problemas ligados ao acesso à voz e à representação dos múltiplos grupos sociais.” Na mesma perspectiva dos estudos contemporâneos, cabe destacar o lugar de fala do(a) autor(a), visto que, “os saberes produzidos pelos indivíduos de grupos historicamente discriminados, para além de serem contra-discursos importantes, são lugares de potência e configuração do mundo por outros olhares e geografias” Djamila Ribeiro (2017). A partir disso, o texto literário cumpre o papel de colocar em “xeque” as diversas construções ideológicas do colonialismo presentes até os dias atuais em nossa sociedade e vimos como relevante ao diálogo do GT - Literatura Afro-brasileira e Literatura Latino-americana a terminologia escrevivência, alcunhada por Conceição Evaristo, visto que nos ajuda a compreender e a repensar o nosso papel como docentes. O objetivo deste GT é reunir trabalhos que promovam o debate acerca de questões do feminismo interseccional que envolvam o lugar de fala da escrita feminina na América Latina, Integram-se aqui tanto temas ligados à literatura escrita por mulheres na diáspora quanto discussões relativas à literatura latino-americana produzida por mulheres que ousaram atuar na esfera pública, rompendo as barreiras e as imposições as quais estavam subordinadas por diversas formas de opressão.
Palavras-chave: Mulheres na Diáspora. Feminismo Interseccional. O Lugar de Fala da Escrita Feminina na América Latina.
REPRESENTAÇÕES DE TERRITORIALIDADES E IDENTIDADES NAS LITERATURAS AFRICANAS E AFRO-BRASILEIRAS
Proponentes/coordenadores:
Sebastião Marques Cardoso (UERN, Mossoró)
João Batista Moraes de Neto (CEFET, Natal)
Hoje, diante de um cenário cada vez mais fluido nos contextos identitários, onde fluxos mais intensos de migrações provenientes do Sul abalam os critérios de pertencimento nacional dos sujeitos dos países do Norte, de economias mais avançadas, a insegurança em pertencer a uma nação passou a ser um elemento de grande tensão e repercussão na identidade dos indivíduos (MBEMBE, 2017). Entretanto, essa insegurança em relação ao pertencimento a algum território foi uma característica marcante nos povos colonizados e, mais recentemente, pós-colonizados, pois tiveram que construir suas próprias narrativas de pertencimento identitário em contraposição às narrativas oferecidas pelo Ocidente. E, nessa resistência ao pensamento “orientalista” (SAID, 2011), as literaturas produzidas nesses contextos operaram (e ainda operam), para além das próprias ambivalências (BHABHA, 1998), numa “poética de relação” (GLISSANT, 2011) que reescrevem o sujeito, na sua (des)territorialidade. Esse raciocício parece igualmente válido para refletir também sobre minorias ou sobre comunidades marcadas pela diáspora e pela diferença étnica, dentro de um mesmo quadro territorial. Nesse sentido, o presente simpósito pretende reunir trabalhos acadêmicos sobre a representação, no âmbito da litertura e da cultura, de comunidades ou de sujeitos que questionam, que reelaboram ou que rasuram as narrativas de pertencimento, tanto na relação com a nação, quanto na diferenciação perante outros contextos ou grupos. Privililegiaremos, sobretudo, as manifestações de cultura e de literatura africanas, bem como as representações afro-brasileiras.
Palavras-chave: Representações. Territorialidades e identidades. Literaturas africanas.
AS ESCRITURAS PERFORMÁTICAS DOS GÊNEROS NA LITERATURA NEGRA
Proponentes/coordenadores:
Maria Eliane Souza da Silva (UERN)
Enegrecer a literatura, a arte e as performances de maneira a estabelecermos configurações intersemióticas potentes de outros devires decoloniais (MIGNOLO, 2005; QUIJANO, 2000), dobras errantes da escrita de si, estilos epistemológicos moventes e micropolíticas enquanto encontro de “partilhas do sensível”, ou ainda, “comunidades sensíveis” nas quais a escrita dos autores cartografam, antes de uma competência, a ocupação de uma “constituição estética” (RANCIÉRE, 1994). Desse modo, (re)significaríamos os diversos textos nas fendas das espacialidades de suas falas, vozes e lugares periféricas/marginais, (re)formulando as relações entre o sujeito-linguagem-mundo e sua perspectiva interacional. Nesse contexto, atuamos a partir do desterritorializar (DELEUZE & GUATTARI, 1994) de olhares, por meio de um estrabismo direcionado às questões multidisciplinares, transdisciplinares e interdispclinares, objetivando investigar demandas poéticas, estéticas, éticas, políticas, na prosa e na poesia. Nossa proposta aciona dispositivos identitários diante do processo de subjetivações e culturalidades escriturais do negro, gays ou mulheres (ADICHIE, 2015), que se desconstruíram da “ armadilha de preconceitos”, transpondo limites e territórios ideológicos como uma “maneira de resolver o desagradável problema da marginalidade” que dificilmente se limita a construção de uma tradição cultural ou de um período histórico (BAUMMAN, 1999, p.248). Assim, justificamos a necessidade de destravar, descolonizar, deslizar, em tais espacialidades discursivas por meio desses personagens de bordas. Diante desse horizonte de compreensão, o Grupo de Trabalho “As escrituras performáticas dos gêneros na literatura negra” pretende oportunizar debates, (des)(re)construções, rodas de conversa, que debatam, mapeiem e problematizem tais temáticas e teorias, na perspectiva de compreender, de modo mais detalhados, saberes e práticas literárias que se estabelecem em interconexões cinematográficas, instalações artísticas, teatrais, pictóricas, curtas, documentários, webséries, séries, HQ's, musicais, movimentos artísticos-sociais, intelectuais, performáticos em dinâmicas de engajamentos políticos e suas perspectivas de relações de poder, de gênero e escritura. Visamos reunir trabalhos dialogantes, mapeados em/por performances, pesquisas teóricas e/ou empíricas desenvolvidas sob diferentes orientações e linhagens metodológicas. Como articula Jacques Ranciére, pretendemos “definir as articulações desse regime estético das artes, os possíveis que elas determinam e seus modos de transformação” (RANCIÉRE, 1994) capazes de criar afetos e afetações no pensamento ocidental atravessado pelo gênero das escrituras performáticas negras (FANON, 2008; HALL, 2006; MUNANKA, 2009).
Palavras-chave: performances decoloniais, gêneros, literaturas negras.
A POLÍTICA DA ESCRITA:
Representatividade em práticas pedagógicas e tradutórias
Proponentes/coordenadores:
Jennifer Sarah Cooper (UFRN)
Yeo N’Gana (UFSC)
Políticas, iniciativas e estratégias para combater racismo institucionalizado em escolas e universidades por práticas pedagógicas vem se desenvolvendo ao redor do mundo (Martin, Rose, 2008; Rose, 2015). No Brasil particularmente no ensino da história afro brasileiro e indígena se torna obrigatória em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio pela Lei 10.639/03, alterada pela Lei 11.645/08. Considerando a o papel central que a habilidade da produção escrita exerce nesses espaços, este movimento é particularmente problematizada em duas frentes: no processo de tratar da tradução e circulação de conhecimentos oriundo de tradições orais para o escrito ou de línguas tradicionais para coloniais e no ensino/aprendizagem de línguas adicionais. Considerando o contexto do ensino e aprendizagem de línguas adicionais no mundo e especificamente no Brasil, nosso GT propõe a reflexão e discussão das representações das línguas e culturas africanas e da diáspora em vários espaços e práticas acadêmicas – ensino de línguas adicionais (material didático, práticas de sala de aula, variação de línguas- línguas híbridas pos-coloniais – criolos, creoles, pidgins); interculturalidade; práticas tradutórias – literárias e técnicas; análise de discurso por perspectivas afro-cêntricas; representatividade em disciplinas, cursos e programas de língua adicional, etc. Aceitamos trabalhos que contemplam estes temas com o intuito de socializar estratégias de representatividade nos espaços acadêmicos e no ensino e aprendizagem de línguas adicionais e o desenvolvimento de uma pedagogia que inclui a diversidade linguística e cultural africana e da diáspora.
Palavras-chave: Representatividade. Culturas e línguas híbridas. Ensino e aprendizagem de língua adicional. Práticas Tradutórias.
LITERATURA AFROBRASILEIRA E AFROLATINA: CONSTITUIÇÃO DE NEGRITUDES TRANSNACIONAIS
Proponentes/coordenadoras:
Cintia Camargo Vianna (UFU).
Daniela Galdino (UNEB).
Ao se pensar na literatura e nos ensaios produzidos por afro-intelectuais na Diáspora, torna-se contingente ao menos uma verificação das relações que podem se estabelecer entre suas reflexões sobre a presença fundamental da cultura negra no mundo americano o pensamento africano e afro-diaspórico, especialmente no que diz respeito à necessidade da consideração das reconfigurações espaciais, temporais e culturais e deslocamentos resultantes da Diáspora Negra. Interessam a esse GT trabalhos que se ocupem da investigação de textos ficcionais ou ensaísticos, produzidos na Diáspora, que proponham um novo modus operandi para a intelectualidade afroamericana, adiantando pressupostos e procedimentos artísticos que apontem para a dissolução da necessidade de inserção em literaturas nacionais, antes, interessa discutir a ideia de transnacionalidade negra que emana da literatura e da ensaística produzida na Diáspora. Assim, serão aceitos trabalhos que discutam, a partir de diferentes aportes teóricos, pressupostos de renovação afrocentrada e a eminência de um projeto estético de construção de uma afroamericanidade nas artes e na literatura no mundo americano.
Palavras-chave: Literatura Afrolatina. Ficção. Ensaio.
NARRATIVAS DE ESCRAVIDÃO NO BRASIL E NAS AMÉRICAS: RELATOS DE TESTEMUNHO E REPRESENTAÇÕES DO NEGRO NA CONDIÇÃO DE ESCRAVIZADO
Proponentes/coordenadores:
Elio Ferreira de Souza (UESPI/ NEPA)
Iraneide Soares da Silva (UESPI/ NEPA)
O presente artigo estuda a representação do negro na literatura ou narrativas afrodescendentes, lugares e entre-lugares (BHABHA, 2001) de trânsito e temas norteadores como a escravidão do africano e seus descendentes em diáspora, violência contra o negro, estratégias de resistência, relação de gênero, travessia do Atlântico negro (GILROY, 2001), o trabalho forçado de homens e mulheres negras no Brasil, nos espaços como a casa grande, a senzala, os cantos de venda, a rua, os locais de prostituição feminina. O corpus da análise abrange diferentes formas de narrativas escritas ou gêneros literários distintos, tais como: narrativas autobiográficas, relatos de testemunho, biografias, depoimentos orais, cartas e petições escritos pelo próprio escravizado; poemas, romances, contos, crônicas, textos dramáticos de autoria dos escritores e escritoras negras descendentes de africanos no Brasil e nas Américas. A cronologia das obras aqui estudadas vai da escravidão à literatura afrodescendente contemporânea, arquivos, testamentos, iniciando-se com os primeiros textos dos nossos autores negros: as cartas e petições escritas pelos próprios escravos e escravas. Entre estes, o ex-escravo e soldado Henrique Dias (sec. XVII); a “Carta” (1770) de Esperança Garcia, endereçada ao Governador da Capitania do Piauí; o poeta e ex-escravo Luiz Gama (sec. XVIII); o poeta repentista, escravo, Domingos da Catingueira; o romance de Maria Firmina dos Reis; a crônica, a poesia e o conto de Machado de Assis; a poesia de Solano Trindade, de Oliveira Silveira, de Edmilson Pereira; o romance de Ana Maria Gonçalves; o romance, o conto e a poesia de Conceição Evaristo, de Oswaldo de Camargo; o conto e a poesia de Cuti, Esmeralda Ribeiro, Lê Pê Correia, Míriam Alves, Mel Adum, entre outros; depoimentos orais e cartas de homens e mulheres escravizados e anônimos. A vocação da presente pesquisa e abordagem se baseiam no forjamento das tessituras de recortes temáticos apontados na presente proposta.
Palavras-Chave: Afrodescendência. Narrativas de Escravidão. Relatos de Testemunho.
AS ESCRITAS LITERÁRIAS AFRICANAS EM PERSPECTIVA PLURILÍNGUE
Amarino Queiroz (UFRN/ CERES)
Maria Suzana Moreira do Carmo (UFU)
Afirmar que a África é um continente múltiplo e plurilíngue pode soar, por vezes, como lugar-comum, dada a infinidade de línguas ali utilizadas. Quando se pensa a África acima do deserto do Saara, um espaço de históricos conflitos em regiões como o Magrebe e o Machrek, com consagradas vitórias, mas também grandes derrotas que resultaram em significativas perdas territoriais, acentua-se a relevância da questão do plurilinguismo. Tais fatos marcaram expressivamente a região, sinalizando certa cisão, -África Branca/ África Negra-, no seio de um continente assaz diverso. Entretanto, essa cisão não é marcada apenas por manifesta delimitação que contrapõe o norte do Saara e a região subsaariana, uma vez que a própria região ao sul do Grande Deserto é também tocada por dessemelhanças linguísticas e culturais, fruto, em passado recente, de diversas colonizações europeias tais como da França, Espanha, Inglaterra, Alemanha, Itália e, evidentemente, Portugal, que influenciou territórios com os quais nos irmanamos em língua e em história. Mas, quem faz literatura nessas Áfricas não lusófonas? E aquelas obras que ainda nem foram traduzidas para o português? Que aporte nos trariam não fosse o óbice linguístico? Considerando-se que, no Brasil, de um modo geral, a produção literária africana lusófona tem um admirável espaço dentre as pesquisas acadêmicas, neste GT, propomo-nos a receber reflexões sobre a produção literária/cultural africana em línguas diversas. Entendendo que a língua se constitui em um importante obstáculo para a difusão dessas Áfricas literárias, muito se perde no que diz respeito às partilhas e, observando ainda que em diversas universidades brasileiras, há ilhas de estudos literários africanos em língua francesa, inglesa, espanhola etc., priorizamos estudos de e sobre obras ainda não traduzidas para a língua portuguesa ou, quando traduzidas, que deem especial atenção às questões identitárias em sua estreita relação com a história e os direitos humanos. Embora o nosso foco seja o continente africano, levando-se em conta o escopo deste IV Griots, também acolheremos propostas que deem visibilidade à produção antilhana, posto ter sua origem na diáspora africana.
Palavras-chave: Literaturas africanas. Plurilinguismo. identidade e história.
ESTRATÉGIAS DE SENSIBILIZAÇÃO NO ENSINO DE DIREITOS HUMANOS:
Relatos de experiência, literatura e cultura visual
Proponentes/coordenadoras:
Ana Gretel Echazú Böschemeier (UFRN)
Ángela Facundo Navia (UFRN)
O presente Grupo de Trabalho propõe uma reflexão sobre a construção de estratégias de sensibilização para o aprendizado sobre Direitos Humanos em contextos educativos formais e informais, visando ao compartilhamento de experiências baseadas em pedagogias emancipatórias e em estratégias de aprendizagem significativa. A incorporação da disciplina “Direitos Humanos, Diversidade Cultural e Relações Étnico-Raciais” na UFRN é relativamente recente, pensada como sendo de caráter transversal e oferecida sob as modalidades optativa e obrigatória para uma diversidade de cursos (engenharias, fisioterapia, direito, odontologia, história, economia), configurando turmas muito heterogêneas e numerosas. A partir dessa experiência desafiadora, temos sentido a necessidade de abrir um espaço para a reflexão com outras vivências que estejam se propondo a sensibilização do olhar para as diferenças sociais em contextos de ensino-aprendizado vinculados aos direitos humanos. Assim, gostaríamos de discutir diversas estratégias utilizadas e possíveis: a) relatos de experiência de alunxs, trazendo de forma oral ou escrita momentos da própria vida ou de alguém próximo nos quais as diferenças se transformam em desigualdade, estimulando a escuta, o reconhecimento das diferenças e a construção de grupalidade dentro das turmas; b) instâncias avaliativas onde se direciona uma reflexão ao redor da importância da discussão sobre direitos humanos na formação profissional e na cotidianidade de cada um(a); c) peças documentais e ficcionais da literatura, como poesias, contos, romances e frases; e d) peças documentais e ficcionais da cultura visual, como documentários, posts de youtube, curtas e longa metragens e infográficos. Em prol da construção de uma reflexão cujas informações possam ser compartilhadas depois, os resultados das trocas no GT podem ser sistematizados e colocados à disposição de professorxs e mediadorxs que, nos diversos contextos, estão trabalhando com a temática. É assim como o presente Grupo de Trabalho convoca às pessoas que estejam ensinando ou aprendendo conteúdos relativos aos direitos humanos dentro da maior variedade possível de contextos (trabalhos dentro dos movimentos sociais, ONGs, fóruns, instituições do Estado, ensino básico e médio, centros de pesquisa, ensino e extensão universitária) e que desejem compartilhar tanto os aspectos positivos quanto os desafios vinculados a essas experiências. A discussão se direcionará em prol da construção de práticas em direitos humanos modeladas “desde baixo” e que questionem o endurecimento das críticas a respeito do paradigma dos direitos humanos na época atual – cristalizado em neofascismos, exacerbação dos machismos, da xenofobia, da misoginia e das lgbt-fobias, assim como em outros discursos e práticas de ódio.
Palavras-Chave: Direitos Humanos. Aprendizagem significativa. Relatos de experiência.
LITERATURAS DE AUTORIA NEGRA EM PERSPECTIVAS HISTÓRICA
Intérpretes nacionais no processo de construção do pensamento social afro-diaspórico
Proponentes/coordenadores:
Raffaella Andréa Fernandez (UFRJ/PACC)
Rafael Balseiro Zin (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
A atenção aos marcadores sociais das diferenças tornou-se o divisor de águas nas discussões contemporâneas sobre a performance literária nos países que passaram por processos de colonização. A ausência histórica de um contexto de representatividade e de proporcionalidade de vozes não-brancas em espaços acadêmicos e de celebração da literatura tem suscitado um acalorado debate acerca do ofício da escrita, com base na pirâmide de opressões raciais e de gênero e no processo de superação de identidades partidas. Eventos literários recentes, como o VI Encontro de Professores de Literaturas Africanas e II Afrolic, realizado em 2016 no Recife; a Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), ocorrida em 2017 na Bahia; a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio de Janeiro, cuja homenagem a Lima Barreto em 2017 substanciou um formato mais acertado na configuração racial e de gênero nesses espaços; e até mesmo o 3º Salão Político do Livro em São Paulo, realizado em 2018 na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e que agregou uma gama considerável de editoras de pequeno e médio porte, são exemplos interessantes a serem observados. Em um país de expressões culturais e étnico-raciais variadas e desiguais como o Brasil, tal preocupação apresenta-se como um desafio permanente, que necessita de reflexões e de proposições que orientem as transformações necessárias. Levando em consideração esses breves apontamentos, a proposta desse Grupo de Trabalho é reunir apresentações que articulem a reflexão conjunta a partir de pesquisas que problematizem a participação de escritoras e escritores negros nos processos históricos de seus países, na luta por direitos e por mais visibilidade no campo das literaturas nacionais. Serão bem-vindos trabalhos que versem, de modo interseccional, sobre questões de gênero, raça, classe, sexualidade, regionalidade, decolonialidade, ancestralidade de matriz africana e identidades, dentro do universo multifacetado e transversal do tema proposto.
Palavras-chave: Literaturas de autoria negra. Perspectiva histórica. Pensamento social diaspórico.
AFROVISUALIDADES: ESTÉTICAS E POLÍTICAS DAS ARTES NEGRAS
Proponentes/coordenadoras
Janaína Damaceno Gomes (UERJ)
Luzia Gomes Ferreira (UFPA)
Desde meados dos anos 1980, constitui-se nos Estados Unidos e na Inglaterra, um campo de estudos que se convencionou chamar de Black Visual Culture. Seus principais nomes seriam Kobena Mercer, Stuart Hall, Nicole R. Fleetwood, Manthia Diawara, Deborah Willis, dentre outros. Sua intenção, para além de dar visibilidade à produção e recepção de imagens visuais estáticas ou em movimento de artistas negros, pretendia também mostrar como estas imagens operavam dentro de uma lógica narrativa de contra-representação, que levava a questionar modos de produção e de apropriação cultural no campo das artes. Sob esta perspectiva, foram investigados o cinema negro americano dos anos 1920, programas de televisão, propagandas, street art, fotografia, performances, etc. Assim, o campo da Black Visual Culture, se estendia para além das artes plásticas, possibilitando uma conexão mais ampla sobre os modos de ver e de fazer da produção negra de imagens. Mais recentemente, Nicholas Mirzoeff, em seu livro O direito a olhar: uma contra história da visualidade” (2011), defende aquilo que chama de contravisualidade, o que define como uma resposta à uma visualidade aristocrática, que “classifica, separa, estetiza” e policia a nossa imaginação. Ou como propõe Fanon, “uma “estética de respeito pelo status quo”, uma estética do adequado, do dever, do que é sentido para ser correto e portanto agradável e, em última instância, até mesmo belo.”(Mirzoeff, 2016, p.749) Neste sentido, definimos Afrovisualidade como uma contravisualidade, ou seja, um modo que sujeitos negros reivindicam para si o direito a olhar. Dessa maneira, desejamos discutir no GT acerca das experiências estéticas e políticas de contravisualidade do mundo negro (africano e afrodiaspórico) que “desrespeitam” o status quo da visualidade, através de documentos visuais, fotografias, videos, artes visuais, performances, gráficos, games, pintura, internet e em outros meios de produção visual e em campos como os do afrofuturismo, da interseccionalidade, do feminismo negro, das masculinidades, do universo trans, das questões de gênero, da representação do belo, da expografia, da museologia, do patrimônio e outros, Bem como, de pesquisas que investiguem como a visualidade sutura nossa “interpretação do sensível para fins de dominação, primeiro como lei e, em seguida, como estética”, reivindicando “sua condição exclusiva da capacidade de ver”. (Mirzoeff, 2016, p.765).
Palavras-chave: Afrovisualidades. Cultura Visual Negra. Patrimônio.